Contradições Cotidianas
Eu ouço Chopin a Cazuza,
Você me olha e não entende,
Eu me solto e mergulho,
Você fica na beira admirando,
A minha liberdade custou muito caro,
Agora eu vendo ela
Pra comprar de volta a minha voz.
Sei que a minha voz
Te faria gritar,
Tenho tantos sonhos,
Meu psiquiatra me dá pílulas
Para aguentar as feridas do cotidiano
Enquanto tranca a porta
E me presenteia com mais um trauma.
5h da manhã os
Olhos não abrem,
Eu me levanto mesmo assim,
Segunda a segunda,
Meu sacrifício tem propósito
Embora eu apenas faça
Ricos ficarem mais ricos
Enquanto volto de busão.
Filho da puta cale a boca,
Tua religião não vai me
Ensinar o que é o divino,
Eu consigo enxergar mais santidade
Naquela garota na esquina
Do que naquela senhora saindo da igreja
com a boca cheia de ódio,
Um dia o meu pai tentou me matar,
Hoje eu cuido dos meus,
Não tenho medo, você não me assusta.
Me reúno com idosos
pra falar sobre poesia,
muitas vezes eu preciso de algo que soe
mágico em meio a banalidade do dia a dia,
Sou mais sentimental e frio do que gostaria,
buscando uma cura para esse vazio cheio de barulho,
só quero que o brilho dos meus olhos
permaneça vivo nesse final de domingo,
tudo bem, essas cores continuam em algum lugar,
já consigo ver um novo dia.


